"O tempo não para" é a música que estou ouvindo agora.
Um amigo meu, disse uma vez, que eu estava sendo usada como uma gorda boneca inflável, que o interesse era só porque eu era a única que topava dar pra ele no momento. "Ele te usa quando ta sem sexo." ok. Pago a passagem de volta como puta pobre que vai até o cliente que desiste porque não gosta da sua aparência no dia. "Não pedi morena!"
Me sentindo um lixo. E ele? Ele mandou eu me tratar pois não vê motivo para minha baixa autoestima. Saia de cima dela, homem, quem sabe ela melhore. Não entende porque fico mal... chega a ser cômico.
"Eu não tenho data pra comemorar, às vezes os meus dias são de par em par, procurando agulha num palheiro".
Não somos amigos. Deixei isto claro, e por isso não me importo de escrever aqui algo que o irrite. Geralmente ele se irrita com o que escrevo. Até no último e-mail, quando escrevi que estava com saudades, ele se irritou, mas agora não vamos mais conversar. Não haverá cobranças.
Me disse que tudo começou assim. Com uma carta que eu escrevi e magoei o seu verdadeiro amor. "Eu nunca vou esquecer a cara dela enquanto lia". Ele devia ter visto a minha, enquanto escrevia. Grávida. Abandonada. Sozinha. Desesperada. Depois o confronto com a mulher amada e magoada, de olhos verdes. Eu explicando porque estava grávida, como se tivesse estuprado alguém. Fiquei lá, naquele apartamento, grávida, abandonada, sozinha, desesperada. Nove meses.Até ser resgatada, com uma criança nos braços, por meus pais. Sem um telefonema sequer. Mas tudo bem, ninguém viu a minha cara.
O último vinho que tomamos, ironicamente chama-se "Carta Vieja". Vejam só... que merda...
"Cansada de correr na direção contrária, sem pódio de chegada ou beijo de namorado"
Eu não quero...Eu não quero... Eu não quero... ouço de novo, sempre acompanhado de um transbordante fluxo irracional (sim, porque não há motivos racionais pra eu sofrer assim por alguém como ele) de lágrimas. Sinto raiva de mim mesma. Raiva do meu podre, pobre e doente amor por alguém que não me quer.
"Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades"
Ele foi honesto. Horrível. Mas honesto. Chorei muito na frente dele. Pedi que me deixasse chorar até o fim, até esgotar e que aproveitasse a cena como inflador de ego, já que provavelmente não encontre outra pessoa tão tonta como eu no caminho. Uhhh!!!! Olha aí eu me depreciando novamente! Preciso de uma fluoxetina! Dá aqui, com meio copo d'água. Pronto. Corrigindo o que deveria ter dito... alguém esperta, segura e poderosa como eu... Só quem perde, é ele!
Não... não dá... eu me sinto mesmo a tonta apaixonada por uma ideia de homem que eu criei em torno de alguém que definitivamente não quer o meu amor. Tá. Apesar do vinho na cabeça, entendi. Mas eu vou sobreviver. Não posso morrer agora, estou ocupadíssima.
"eu vou sobrevivendo sem um arranhão, da caridade de quem me detesta".
E se um dia, por acaso, ele ler este texto até o final, e não gostar (que é o mínimo esperado por mim, enquanto molho meu teclado com a última lágrima) fica aqui o meu desejo, como diria Mario Prata: "Que vós vos fodais!" Hoje também me sinto viúva. Meu amor morreu.
FIM.
Eu acreditei... |